FANTASMA NO BANHEIRO
Gerson sempre foi um pai agressivo, mas nunca tinha ficado tão irritado quanto naquele dia. Ele segurava seu filho com firmeza pelos braços, depois de tê-lo flagrado urinando no quintal de casa.
No entanto, pela primeira vez, ele não agrediu o garoto como de costume, apenas o arrastou para dentro de casa pelos braços, enquanto William chorava.
Gerson estava furioso desde a manhã, quando teve que sair mais cedo do trabalho para buscar seu filho. Foi chamado à escola porque William e seus amigos estavam amedrontando as outras crianças, contando histórias sobre um suposto fantasma do banheiro da escola que eles teriam invocado, algo que a diretora considerou uma brincadeira de mau gosto.
Gerson jogou o pequeno William para dentro do banheiro de casa e trancou a porta, ouvindo seus gritos desesperados.
Do outro lado da porta, Gerson apenas observava e escutava os gritos angustiados de seu filho.
William se silenciou abruptamente e parou de bater na porta.
Gerson decidiu abrir a porta do banheiro e se deparou com seu filho no chão, com a pele esbranquiçada, os olhos arregalados quase saltando das órbitas, a boca escancarada com a língua para fora. William estava sem vida, molhado dos pés à cabeça. O ambiente estava impregnado com um cheiro horrível, como se o cadáver do jovem estivesse lá há dias.
Gerson, imóvel e atordoado, continuava a encarar a cena macabra de seu filho no chão. Foi nesse momento que um som estranho chamou sua atenção, direcionando seus olhos para a pia a tempo de observar horrorizado uma enorme mecha de cabelo escorrendo devagar para dentro do ralo, como se tivesse vida própria. O som da água arrastando os fios pelo ralo foi um o som que finalizou a tragédia que se desenrolava diante de seus olhos.
Por Mudo
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