FANTASMA NO BANHEIRO

FANTASMA NO BANHEIRO

Gerson sempre foi um pai agressivo, mas nunca tinha ficado tão irritado quanto naquele dia. Ele segurava seu filho com firmeza pelos braços, depois de tê-lo flagrado urinando no quintal de casa.

GERSON
Não criei maloqueiro para urinar fora do banheiro! Esta casa não é lugar de sujeira - disse Gerson a seu filho, William.

No entanto, pela primeira vez, ele não agrediu o garoto como de costume, apenas o arrastou para dentro de casa pelos braços, enquanto William chorava.

Gerson estava furioso desde a manhã, quando teve que sair mais cedo do trabalho para buscar seu filho. Foi chamado à escola porque William e seus amigos estavam amedrontando as outras crianças, contando histórias sobre um suposto fantasma do banheiro da escola que eles teriam invocado, algo que a diretora considerou uma brincadeira de mau gosto.

GERSON
William, sua mãe disse que não era para eu te bater mais, mas isso não vai ficar assim.

WILLIAM
Desculpa, pai. Tive que urinar lá fora para ela não me pegar - dizia William em prantos.

GERSON
Sabe, eu tinha medo de aprender a nadar, mas um dia meu pai me jogou no lago e perdi esse medo - comentou Gerson, ainda segurando seu filho pelos braços, enquanto caminhava em direção ao banheiro - E não vejo outro jeito de resolver isso.

Gerson jogou o pequeno William para dentro do banheiro de casa e trancou a porta, ouvindo seus gritos desesperados.

WILLIAM
Pai, por favor, me desculpa! Abre a porta! Ela vai vir me pegar! Pai, socorro!

Do outro lado da porta, Gerson apenas observava e escutava os gritos angustiados de seu filho.

GERSON
Você pode até estar assustado agora, mas vai me agradecer por isso depois - pronunciou Gerson no meio dos pedidos de ajuda de seu filho, até que um barulho estranho vindo do banheiro chamou sua atenção.

WILLIAM
Pai, ela está aqui! Pelo amor de Deus, me tira daqui! Mãe, socorro! Mãe, cadê a senhora...?

GERSON
Para com isso, William! Não tem ninguém aí! - disse Gerson, apesar do leve receio que sentiu com o sons estranhos vindo do outro lado da porta.

William se silenciou abruptamente e parou de bater na porta. 

GERSON
William, William? Responda, seu merdinha, senão eu entro aí - Gerson chama por seu filhos várias vezes, mas o jovem não respondia.

Gerson decidiu abrir a porta do banheiro e se deparou com seu filho no chão, com a pele esbranquiçada, os olhos arregalados quase saltando das órbitas, a boca escancarada com a língua para fora. William estava sem vida, molhado dos pés à cabeça. O ambiente estava impregnado com um cheiro horrível, como se o cadáver do jovem estivesse lá há dias.

Gerson, imóvel e atordoado, continuava a encarar a cena macabra de seu filho no chão. Foi nesse momento que um som estranho chamou sua atenção, direcionando seus olhos para a pia a tempo de observar horrorizado uma enorme mecha de cabelo escorrendo devagar para dentro do ralo, como se tivesse vida própria. O som da água arrastando os fios pelo ralo foi um o som que finalizou a tragédia que se desenrolava diante de seus olhos.

Por Mudo


Nenhum comentário:

Postar um comentário