O PALHAÇO: Uma Kombi e quatro garotas - 3 PARTE

O PALHAÇO: UMA KOMBI PARA CINCO PRINCESAS - 3 PARTE

Um choro suave me desperta. Uma dor pulsante na cabeça serve como um lembrete cruel do encontro com o homem estranho que me agarrou na rua e bateu meu rosto contra o muro. Lentamente, abro os olhos, mas o mundo ao meu redor permanece embaçado.

ANA
Ei, garota... Não grita, entendeu?! Não grita!

BIA
Tá, tá. Já entendi. Não vou gritar, droga! Onde estamos?

ANA
O lugar? Não faço ideia... mas passamos por São Mateus e pelo Iguatemi.

BIA
Minha cabeça ainda dói - digo isso após recuperar minha visão definitivamente. 

Estou dentro do que parece ser uma Kombi, com outras três garotas que aparentam ter vindo de um velório, com suas maquiagens borradas, como se tivessem chorado durante uma tarde inteira. "Nossa, que cheiro forte... Parece que um cachorro morreu aqui dentro. Pelo jeito não foi só minha visão que voltou". Tampo o nariz, mas não parece adiantar muito, já que o mau cheiro está impregnado por toda a Kombi, que balança tanto que não consigo manter meu nariz tampado.

ANA
Você é a Bianca, não é? Te conheço da escola... sou da sala ao lado da sua. Me chamo Ana e essa aqui é a Jeniffer; a chorosa que não para de miar ali no banco à frente do nosso não sei quem é, mas também é da nossa escola. Já a vi por lá.

BIA
Você também estava chorando. Dá pra perceber pela maquiagem borrada...

ANA
Estava, mas não quero acabar igual a ela…

Ana apontou na direção da garota que chorava e soluçava baixinho. Ergui-me um pouco e espreitei por cima do banco em que a chorosa estava sentada. Identifiquei uma quarta garota... Olhei atentamente, certificando-me de que meus olhos embaçados não estavam tentando me iludir. Há menos de cinco minutos, minha visão estava completamente turva, mas infelizmente, meus olhos agora revelavam a verdade. A minha mente reluta em aceitar o que via: uma garota com a cabeça esmagada repousava no colo da chorosa. Meu coração deu um salto, quase saltando pela boca, mas antes que eu pudesse gritar, Ana se lançou ao meu lado, cobrindo meus lábios com as mãos enquanto sussurrava no meu ouvido.

ANA
Não grita! Quer acabar como ela?! Todas nós estamos chorando, mas a chorosa ali começou a gritar bem alto quando acordou. Foi quando ele parou a Kombi e se virou, olhou para nós, com um sorriso... Então, simplesmente, do nada, bateu com uma marreta contra a cabeça daquela outra garota. Você entendeu? Aquela ali gritou e a outra ali morreu. Não quero ser a próxima, então não grita.

Ana terminou de falar. Mesmo apavorada, mantinha a calma... apesar disso, ela continuava pressionando minha boca com tanta força que mesmo se eu tentasse gritar, nenhum som escaparia.

JENIFFER
Pode soltar, Ana. Pelo jeito, ela não vai gritar.

Ana soltou minha boca. "Não sei porque estou ofegante como se estivesse subindo a rua da minha casa de bicicleta", nada me deixava mais ofegante do que subir aquela rua de bicicleta. "Preciso de um tempo para processar tudo... Estou em uma Kombi com mais quatro garotas - e uma delas é um cadáver -, sendo levada para algum lugar por um maníaco. Apesar de não querer acreditar, sei que isso é real e está acontecendo... se fosse um sonho, eu já teria acordado... não sou do tipo que continua sonhando dentro de um pesadelo".

BIA
Por que esse maluco sequestrou a gente?

ANA
No começo, pensei que fosse algum pedófilo, estuprador, mas depois da marretada que deu na garota duvido muito que tenha alguma intenção deste tipo com a gente... o que é bom, porque prefiro ser morta do que ser abusada.

BIA
Não fala isso! Não quero morrer!

JENIFFER
Ele quer nossos órgãos.

ANA
Como é?!!!

JENIFFER
Uma vez escutei minha mãe falando sobre a Kombi dos palhaços... Quando minha mãe era criança, tinha um grupo que sequestrava crianças e roubava seus órgãos, ninguém sabe ao certo porque, se era pra algum ritual ou pra vender no mercado clandestino... Há pessoas que dizem que algumas crianças eram vendidas para virarem escrevas sexuais...

BIA
Meu Deus! Não sei qual das possibilidades é a pior...

ANA
Não acredito em nenhuma delas. Se ele quisesse vender a gente ou nossos órgãos, não teria esmagado a cabeça daquela garota. Não é a Kombi dos palhaços ladrões de órgãos. Esse sujeito é só um pirado qualquer.

"Independente do que seja, a gente está ferrada! Preciso dar um jeito de sair daqui." Percebo que não fomos as primeiras pessoas a quem ele sequestrou. O chão da Kombi está cheio de roupas velhas e sujas. "Minha nossa!" Não pisco e deixo meus olhos fixos novamente para ter certeza de que não estão me enganando. "Não sei o que pensar, mas é certeza, tem um braço embaixo de um dos bancos. Deve estar ali há dias! Está apodrecendo, isso explica o mau cheiro. É melhor eu nem mencionar isso pras garotas... pode causar mais complicações, principalmente com a chorosa. Ela não parou de soluçar de choro desde a hora em que acordei."

PALHAÇO
Ahahahahahahahaahahahshs!

Que risada forçada... Ele parou o carro. Talvez só quisesse nos colocar mais medo, como se já não estivéssemos apavoradas o suficiente. "Só não quero morrer..." O maldito desceu pela porta da frente, deu a volta cantando e dando pulinhos de felicidade. "Ele é um doente de merda! Deveria estar internado ou morto…”

PALHAÇO
Well... I don’t know why I came here tonight. I’ve got the feeling that something ain’t right...

"Se os irmãos da quebrada descobrem o que esse bosta está fazendo, este pirado não passa nem pelo julgamento... Vai ser torturado e morto sem pena nenhuma! Já teve nego queimado vivo em pneu por ter roubado um celular no lugar errado, imagina o que não farão com esse sujeito. Se eu sair daqui, este cara está ferrado... Vou direto nos irmãos. Você está morto, seu monte de lixo!" Ele abriu a porta e sorriu para gente. Não sei se ele queria passar uma sensação de segurança ou nos atormentar mais... "Mas que olhos amarelos você tem, e que nariz e boca enormes também... Por que estou associando essas coisas? Em um momento deste lembrar da Chapeuzinho Vermelho chega a ser insano, mas ele realmente tem olhos enormes e amarelos... Não acredito nisso!”

PALHAÇO
Please, princesses... Come down...

Ele fez uma reverência para gente, e atrás dele havia uma casa velha, aparentemente abandonada.

ANA
Ele quer que a gente desça.

BIA
Como sabe?

ANA
Ele falou em inglês... Isso é inglês: "Por favor, princesas, desçam."

BIA
Tem certeza?

ANA
Tenho. Acho melhor a gente descer...

JENIFFER
Vamos, meninas.

Todas descemos, menos a chorosa. "Vou me arrepender, mas vou tirar essa imbecil dali de dentro".

BIA
Ei, garota!

Ela levou um susto e me olhou como se só tivesse reparado em mim agora, o que talvez fosse verdade. Claramente, estava em choque com a situação.

BIA
Olha, garota, estamos aqui juntas. Estou tentando te ajudar. Vamos descer antes…

PALHAÇO
Now!

Ele me puxou com força para fora da Kombi, arrastando a garota comigo, e senti uma forte pancada no lado direito das costas, acompanhada de uma dor insuportável.

BIA
Haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

Grito e paro. Não consigo respirar. "Mas se ele me atingiu com a marreta, por que a dor parece ter passado? Gosto de sangue na boca... não quero morrer! Tenho certeza de que ele me acertou com a marreta... Maldito palhaço! Maldita chorosa! Deveria ter deixado essa inútil lá dentro da Kombi para morrer... Não quero morrer... Mãe!"

ANA
Corre, Jeniffer! Rápido!

"Estou sufocando. Tem muito sangue na minha boca..." Tento me mexer e tocar onde ele me acertou, mas não consigo. "Mãe, onde a senhora está? Alguém, por favor, socorro... Não consigo gritar. Por favor, alguém aparece pra me ajudar. Alguém... Está escuro. Mãe, por favor, cadê a senhora? Vem aqui, não me deixa morrer... assim... Mãe..."

O palhaço seguiu Ana e Jeniffer, e Bia se contorceu no chão, sozinha com seus pensamentos, agonizando até a morte, enquanto a tal garota chorosa simplesmente corria para o lado oposto. Ana e Jeniffer correram o máximo que puderam, mas o palhaço as alcançou e agarrou Ana pelos cabelos. Jeniffer pegou uma pedra e partiu para cima do palhaço. Ana caiu no chão e viu Jeniffer lutando para se soltar.

JENIFFER
Rápido, Ana! Pega alguma coisa! Me ajuda!

Mas, mesmo com os pedidos de ajuda da amiga, Ana se levantou e correu, sussurrando apenas para si mesma.

ANA
Desculpa. Me desculpa! Por favor, desculpa...

O palhaço deu um soco em Jeniffer com tanta força que ela desmaiou. Ele se pôs a correr atrás de Ana, que desta vez sumira de seu campo de visão. Mas ele logo a avistou, cansada, alcançando-a sem dificuldades. Apesar dos esforços, a moça sentiu apenas as mãos que novamente agarravam seus cabelos.

ANA
Não, por favor... Me deixa ir, por favor! Eu não quero morrer, por favor...

Ele a arrastou pela mata até onde estava Jeniffer, ainda desacordada. Esta foi então jogada em um dos seus ombros, e ele continuou seu caminho. Ana foi largada tão logo eles chegaram à casa.

PALHAÇO
Sorry...

Com um golpe da marreta, o Palhaço fragmenta uma das pernas de Ana, cujos gritos ecoavam implacavelmente. A agonia, como uma onda voraz, a envolveu, fazendo ela desmaiar, enquanto a penumbra da inocência lançava uma sombra de tranquilidade sobre esses momentos sórdidos.


O palhaço: As duas amigas - 4 PARTE



Ao recobrar a consciência, encontrou-se dentro da casa, amarrada a uma cadeira velha, tendo por companhia dois corpos em decomposição, um à sua frente a poucos passos e outro à sua esquerda, bem distante. O mau cheiro do lugar fazia o odor da Kombi parecer um jardim perfumado. Então, ela avistou Jeniffer, amarrada em outra cadeira.


ANA
Jeniffer! Acorda, Jeni…

Ela dizia entre gemidos. Sua perna quebrada tinha o osso para fora. Nunca tinha visto uma fratura exposta antes, e nunca imaginou que sofreria uma. O palhaço apareceu, mostrando a carteirinha de estudante da tal garota chorosa que tinha fugido.

PALHAÇO
Bye, bye! Clowns to the left of me! Jokers to the right! Here I am stuck in the middle with you…

O palhaço seguiu cantando em voz alta enquanto ia embora do lugar.

ANA
Isso, seu pirado. Vai atrás dela... Espero que a polícia te pegue! Vai ser morto... Eu te odeio, seu maluco maldito! Quero que morraaaaaaaahh!

Ana deu um grito desesperador que conseguiria afugentar todos os ratos e com certeza conseguiria chamar a atenção de uma pessoa, se houvesse alguma próxima dali. Mas infelizmente não havia, não ali, não naquele lugar: um local abandonado, longe de tudo e de todos. Apenas os ratos fujões a escutavam.

O palhaço caminhou até a saída que estava aberta, já que lá não havia portas. Ana lutava para se manter acordada, mas novamente apagou.

CAÍQUE
Ei, garota! Acorda!

Ana continuava bem sonolenta.

LÚCIO
Caique... essa aqui também está viva.

CAIQUE
Essa aqui também, mas não acorda de jeito nenhum - disse isso com os dentes frisados, para não deixar o cigarro cair da boca.

LÚCIO
Garota, quem fez isso com vocês?

Lúcio levantou a cabeça de Ana, que resmungava pedidos de ajuda.

ANA
Por favor, ajuda a gente... antes que ele volte...

LÚCIO
Ele quem?

ANA
O palhaço...

LÚCIO
Caique, o que vamos fazer com elas?

A visão de Ana ainda estava muito embaçada. Mal enxergava os dois sujeitos, só escutava as vozes.

CAIQUE
Eu vou dizer o que vamos fazer. Vamos fazer o que quisermos e deixá-las aqui. O povo vai procurar pelo responsável mesmo... Podemos fazer o que quisermos com essas duas, e largamos elas aqui mesmo! Esta aqui é minha. Pode arruaçar com essa outra aí como você quiser.

ANA
Não, por favor! Não machuque a gente, por favor..

Dizia Ana apavorada, quase num suspiro.

LÚCIO
Você escutou o Caique. Podemos fazer o que quisermos com vocês e depois vamos embora.

Ana tentou se mexer e esquecer por alguns instantes a dor na perna - o rosto de Lúcio começou a mudar e aos poucos foi se tornando parecido com o do palhaço.

ANA
Não, por favor... Eu não aguento mais! Pelo amor de Deus...

LÚCIO
Deus não está aqui...! 

Ana estava delirando. A voz de Lúcio mudou novamente e Ana finalmente acorda.

LÚCIO
Não vamos te machucar… Caique, aqui, rápido! Ela finalmente acordou... Cadê a ambulância que não chega? Garota, não se mexe. Essa sua perna está extremamente machucada.

CAIQUE
Eles estão à caminho. Acabei de ouvir no rádio que acharam o tal palhaço em uma casa perto da Cid. Tiradentes.


LÚCIO
Espero mesmo que alguém estoure a cabeça dele - Gritou Lúcio para Caique, voltando a conversar com Ana - Qual é seu nome, garota?

ANA
Ana... Mas não machuca a gente, por favor!

LÚCIO
Ana, somos da polícia. Sua amiga está lá fora, dando depoimento. Te machucar é a única coisa que não pretendemos fazer. Primeiro, vamos te levar para o hospital; depois, quando melhorar, você vai pra casa, está bem?

Ana sentia um grande alívio com aquelas palavras. Ainda assim, ficava receosa, imaginando que tudo não passasse de outro delírio de sua cabeça. Tudo podia ser só mais uma ilusão. Mas desta vez não era. Em poucos minutos, mais policiais começaram a chegar ao local, e uma ambulância veio para levá-las - A gente precisa levar essa garota pro hospital rápido, senão ela não vai resistir - Ana escutava as palavras ditas por um dos paramédicos, mas não dizia nada, não por estar quase desmaiada, mas porque a morte não parecia mais ser algo tão ruim.

As meninas foram juntas para o hospital, na mesma ambulância. Ao abrir um pouco os olhos, Ana percebe que Jeniffer olhava para ela sem piscar, e embora ambas soubessem o motivo, talvez aquele não fosse o melhor momento para desculpas. Esses pensamentos iam e vinham, enquanto os olhos de Ana se fechavam lentamente, o desejo de desculpas pairando em sua cabeça, juntamente com a torcida para que a amiga pudesse sentir e talvez lhe perdoar.

No hospital, as duas foram atendidas rapidamente, mas não tão rápido quanto os repórteres, que não se importaram com as condições das garotas e se aproximaram como um cardume de peixes dentro de um lago onde foram jogados petiscos para beliscarem.

REPÓRTER 1
Quais eram as intenções dele com vocês? Quantas pessoas ele matou?

REPÓRTER 2
Ele as ameaçava e torturava o tempo todo? Vocês o conheciam?

REPÓRTER 3
Ele abusou de vocês? Ele as manteve por quanto tempo presas?

Mas elas não falaram nada. Bem, Jeniffer não falou, já que Ana não estava acordada. Ambas foram levadas para dentro do hospital, onde aquele cardume de peixes insaciáveis não poderia alcançá-las. Ana passou por uma cirurgia, transfusão de sangue, e agora estava na UTI, repleta de fios e aparelhos que ajudavam em sua recuperação e a mantinham estável, apesar do estado grave. Ela se encontrava deitada como outros pacientes, sendo observada por diversos enfermeiros, alguns atipicamente trabalhando fora de seu setor de origem...

ENFERMEIRO MATHEUS
Nossa, essa é a garota que sobreviveu ao ataque do "palhaço do diabo"?

ENFERMEIRA INGRID
Ele não é o palhaço do diabo. Era só um maluco.

ENFERMEIRO MATHEUS
Eu sei, mas é assim que os jornais na TV estão chamando: "O PALHAÇO DO DIABO"

ENFERMEIRA INGRID
Você não deveria ajudar a alimentar esse tipo de sensacionalismo barato... Por que não vai tomar um café? Acho que já deu o horário.

ENFERMEIRO MATHEUS
Só vou se você for comigo.

ENFERMEIRA INGRID
Nem pensar! Você sabe muito bem que não podemos deixar esse lugar sozinho. Aqui deveria, no mínimo, ter quatro enfermeiros. Ter só dois já é muito errado!

ENFERMEIRO MATHEUS
Deixa de ser tão certinha... Se já está errado, não tem como errar mais. Eles não vão para lugar nenhum, e se só deixaram nós dois aqui é porque sabem que não precisam de mais ninguém...

ENFERMEIRA INGRID
Deixaram nós dois aqui porque esse hospital é um relaxo só!

ENFERMEIRO MATHEUS
Bem, eu vou tomar café. Quer que eu traga algo para você?

ENFERMEIRA INGRID
Sabe que não podemos comer aqui dentro! Vá embora, Matheus! Me deixe em paz, sem sua presença!

ENFERMEIRO MATHEUS
Já estou indo... Ingrid, meu amor...

ENFERMEIRA INGRID
Vai!

ENFERMEIRO MATHEUS
Ainda pego essa mulher... - Sussurrou Matheus, enquanto caminhava em direção à porta.

ENFERMEIRA INGRID
Pega não! Estou te escutando, imbecil...!

ENFERMEIRO MATHEUS
Droga!

Ingrid levantou para verificar e dar as medicações dos pacientes, quando se deparou com uma garota vestida como paciente do hospital, que havia acabado de entrar na sala.

ENFERMEIRA INGRID

Ei, garota, você não deveria estar aqui, sabia? Matheus? Matheus? - Gritou Ingrid pelo seu colega de trabalho.

JENIFFER
Eu só quero saber se minha amiga está bem. Já vou voltar para o meu quarto.

ENFERMEIRA INGRID
Quem é sua amiga?

JENIFFER
É a Ana. Nós duas fomos sequestradas pelo palhaço.

ENFERMEIRA INGRID
Ai, meu Deus! Você é a outra garota! Olha, não posso permitir isso... se alguém souber, posso ser mandada embora! E como chegou até aqui?

JENIFFER
Só quero vê-la, saber se está bem...

ENFERMEIRA INGRID
Ai, o que eu faço? Matheus?! - gritou novamente pelo companheiro de trabalho, que não respondia - Olha, filha, sua amiga passou por uma cirurgia e precisa repousar. Apesar de estar bem, o estado dela é grave. Então, dê uma olhada e volte para o seu quarto, ou vai me meter em um grande problema...

JENIFFER
Obrigado!

Jeniffer olhou diretamente para Ana e se aproximou, com os olhos cheios de lágrimas. Quando chegou bem perto, passou a mão suavemente no rosto de sua amiga, que estava desacordada. Lágrimas correram por suas bochechas pálidas, caindo no chão frio do hospital, e tomada por um impulso, Jeniffer puxou de uma única vez todos os cabos que estavam conectados à Ana.

ENFERMEIRA INGRID
Meu Deus! Matheus! Preciso de ajuda aqui, Matheus! - Gritava, enquanto corria na direção da garota. Quando se aproximou, sem saber o que fazer, empurrou Jeniffer, que caiu no chão, aos prantos.

JENIFFER
Eu voltei pra ajudá-la, e ela me deixou pra morrer! Ela me deixou pra morrer, me deixou... me deixou…

Continua...

por: Mudo


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